No projeto “Circulação t r a v e s í a” contemplado pelo prêmio Funarte Artes na Rua (Circo, Dança e Teatro) 2014 – Modulo A , me comprometi a fazer um novo experimento do trabalho em São Paulo após a circulação.
Depois de realizar a performance e encontros-oficina com artistas em 5 capitais brasileiras estando grávida, a criação da “apresentação atravessada” coincidiu com o período de pós parto. Muitos foram os atravessamentos durante a circulação, mas certamente nenhum tão grande quanto o parto. Uma experiência de morte e renascimento, onde tive que lidar com um enorme medo de desaparecer, a identidade que eu havia construído até então baseada no meu trabalho, meio social e etc. estava completamente abalada, quem era eu sem isso tudo com um bebê nos braços? O trabalho foi completamente resignificado e se tornou ainda mais sutil. Um jogo de visibilidade e invisibilidade no espaço urbano. Na correria da cidade, entre os transeuntes, um casal com um bebê nos braços avança lentamente usando o corpo do outro como apoio. Metáforas da vida cotidiana aparecem e desaparecem durante o percurso. Feminino e masculino, corpo recém parido e também de pai recém nascido, bebê que chora, mama e dorme. Uma brecha aberta no cotidiano da cidade pela poesia extraída do dia-a-dia de uma nova família.